Da origem a concepção: Deus e vida, pais e amores.


Gritos, gemidos, choros, nada definia aquele som nem assustava quem o dominava que com um singelo gesto bateu-lhe o bumbum e disse: - Nasceu! Porém não parecia alegre e aquele ambiente que ardia em esperança pareceu despencar às costas daquele médico que não sabia como dizer aquilo ao pai. Mas como assim? Dizer o que? Algo preocupava aquele senhor, mesmo assim, alguma coisa devia ser dita e com expressão frágil e um ar melancólico explicou a situação resumindo-a em: - Seu filho tem um grave problema. Em termos não técnicos, explicou que o bebê tinha os pés “meio que pra trás”, assim como o curupira de nossa literatura popular. Entretanto, pensando estar aliviado por ter revelado a verdade ao pai, teve uma surpresa e percebeu que o mesmo havia desabado.

Com esperança e os esforços dos pais e Amigos, o primeiro obstáculo foi vencido, não que o garoto houvesse feito algo pra ter vencido essa batalha, mas algo já dizia que seu sangue era forte e cheio de vida, já andava normalmente, corria, jogava bola, era uma garoto normal, porém obstinado a desafiar a vida que lhe insistia em provocar e ensinar. Deparou-se com situações cotidianas da vida, brincou com os primos, visitou avós e tios, respeitava família, sempre bom aluno, porém, ingênuo e desavisado, nada sabia da vida, apenas a desafiava.

Sofreu, apanhou, sofreu, apanhou e nada sabia sobre aquilo, só queria odiá-lo, sem nem mesmo perceber o que havia feito para isso, então, sofreu, apanhou, sofreu, apanhou novamente e imbuído de nova concepção percebeu que aquilo não era tão mais sufocante, aprendeu que A Vida não o castigava sem motivo, porém ainda não compreendia, e assim, apanhou novamente achando que seu inimigo estava ali, próximo de si, então, discutiu, brigou, bateu, apanhou e sem nexo algum saiu pelo mundo, a estender os braços e achar que estava livre para voar como se conseguisse deslizar por sobre o chão. Era a única forma que o distraia. Entretanto novamente afirmou que seu inimigo estava ali, tão próximo de si. Ele tinha certeza, mas antes disso amou, amou e amou, e apanhou, ao ponto de que novamente deparou-se com seu algoz, não que sua amada o fosse, mas que a ingenuidade com que ele tratava os outros e ela o tornava forte e a maturidade com que enfrentava seu “inimigo” o tornava fraco, porém tudo lhe parecia totalmente o contrário, tanto que aquilo subia-lhe a cabeça a ponto de cega-lo. Ele não estava cego, estava “cego”, não queria acreditar que quem o apoiou a vida toda continuava lá apesar de tudo, como se aquela cruz insistisse em pesar sobre suas costas, e assim cresceu, e entendeu que ele apenas não entendia o que A Vida lhe ensinara e ainda não entende por completo, mas pelo menos sabe que seu inimigo não era sua (O)origem nem mesmo quem (A)a proporcionou mas ele próprio que com a ingenuidade de uma criança ainda não aprendeu a caminhar, a andar, a ver, a viver, a amar.

Jossé Leanndro

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