Ensino da Gramática: “Assassinando talentos, formando robozinhos”.


Na citação de Celso Pedro Luft em Língua e Liberdade (p. 21) ele diz que: “Um ensino gramaticalista abafa justamente os talentos naturais, incute insegurança na linguagem, gera aversão ao estudo do idioma, medo à expressão livre e autêntica de si mesmo”.
Às vezes eu paro para pensar e reflito que o ensino da gramática no nosso país é um ensino muito dogmático, em que as regras são “empurradas” em nossas mentes por métodos de atividades repetitivas e nada educativas, pois não ensinam o modo de como chegar às respostas, ou seja, apenas nos apontam as respostas já prontas. Toda essa forma de ensino, torna à aprendizagem um tanto quanto “mecânica”, pois o conhecimento na nossa mente, apenas codifica as informações e aplica nas questões didáticas do dia-a-dia escolar, entretanto o assunto a ser tratado é até onde o ensino da gramática atrapalha o modo de escrever dos alunos.
Para escrever bem, não basta apenas “saber escrever”, ou seja, saber a norma culta, precisa-se também de criatividade, ousadia e segurança para que você possa se expressar com integridade, de modo que esta não fique comprometida pelas normas e regras gramaticais como já dizia Luft no trecho acima. Estas qualidades caracterizam um bom escritor, visto que elas são o molde da boa escrita e que, se unidas com a leitura e com o conhecimento de mundo, tornam a escrita uma arma fantástica.
Tomando Shakespeare, citarei um breve trecho de menestrel em que podemos comparar gramática e escrita do seguinte modo: “Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se E que companhia nem sempre significa segurança. Começa a aprender que beijos não são contratos e que presentes não são promessas.” Então, nós devemos adotar que saber gramática não é garantia de boa escrita. Portanto retomando Shakespeare, “...plante seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores”, logo, vê-se claro que a escrita é algo que tem de ser plantado e cuidado, ou seja, algo que exija esforço e não algo já pronto. Então compare o jardim com os moldes de escrita, ou seja, os gêneros e também compare o termo “sua alma” com a criatividade e as flores com gramática e vemos claro que a analogia tem sentido, pois todo ato de escrita requer esforço e dedicação, visto que, novamente vale ressaltar, a escrita é algo a ser moldado enquanto a gramática já é algo pronto.
Logo, conclui-se que esse ensino erudito está assassinando bons escritores, formando alunos sem opinião crítica e transformando os mesmos em robozinhos treinados a resolver dezenas de questões sobre análise morfossintática e orações subordinadas blábláblá reduzida de infinitivo.


“Novamente a tecnologia dita o futuro, nascem robôs, morrem poetas...”


Jossé Leanndro

3 Comments:

Laelcio said...

Cara, a cada dia se superando hein...
tá muito bom o artigo...
realmente língua portuguesa deveria ser aprendida e não decorada como um cartão de memória que é posto em qualquer máquina...
parabéns....
esse é o sobrinho que eu quero pra sempre!!

Renata Ribeiro said...

: }

NEY FARIAS said...

A GRANDE VANTAGEM DOS ROBÔS É A DE NÃO QUESTIONAR. PARA ELES, SÓ EXISTE O "AQUI E AGORA". SUA ATIVIDADE NÃO É EXTEMPORÂNEA E SE ESGOTA APÓS A REALIZAÇÃO DA TAREFA.

POR ISSO NÃO SOMOS NEM DEVEMOS SER AUTÔMATOS. DEVEMOS QUESTIONAR SEMPRE "O QUE VAI PELO MUNDO". E O ATO DE ESCREVER IMPLICA O EXERCÍCIO DA LIBERDADE E DA RECONFIGURAÇÃO DO QUE É REAL, CONFORME NÓS O COMPREENDEMOS.

SE VOCÊ PUDER COMPREENDER ISSO DURANTE O NOSSO CURSO, MEU AMIGO, ENTÃO VOU ME DAR POR SATISFEITO, POR QUE SÓ ENTÃO VOU CONSEGUIR DIZER QUE CONHECI ALGUÉM, NESTA VIDA, QUE APRENDEU A SONHAR.